sábado, 19 de janeiro de 2008

Repertório: INFINITOS MINUTOS


O que aconteceria se o poeta Carlos Drummond de Andrade retornasse à casa de sua infância, em Itabira do Mato Dentro, Minas Gerais?
E se esta casa estivesse exatamente do jeito que ele a deixou, com seus móveis, quadros, livros, fotos e lembranças?
Como seria este reencontro com o passado, com as pulsações, silêncios, sons, luzes e sombras de uma época que não pode mais voltar, de um tempo que já se perdeu num “oceano de névoa”?
E se, finalmente, este reencontro consigo mesmo fosse narrado pelo próprio Drummond, através dos poemas com os quais, ao longo da vida, nos presenteou?
Partindo destas suposições, foi criado o roteiro do espetáculo. Após um estudo da obra do poeta, foram escolhidos os poemas que melhor pudessem contar a história deste retorno.
Além dos personagens que surgem da memória poética de Drummond, está presente um outro, de vital importância, rondando sempre os acontecimentos: o Tempo.
A passagem do tempo sempre serviu de inspiração às mais variadas criações artísticas, ao longo da história. O homem sempre se mostrou perplexo diante dos minutos que escorrem por entre seus dedos, não lhe restando alternativas senão o registro artístico e poético da condição de passante que lhe foi atribuída pela criação.
Este espetáculo é uma homenagem e um agradecimento ao grande escritor por ter conseguido captar, como poucos, a dramática beleza da condição humana e por ter feito de sua própria passagem pelo tempo o registro da poesia viva em cada um de nós.

















O POETA


Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.
Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945.
Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil.O modernismo não chega a ser dominante nem mesmo nos primeiros livros de Drummond, Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934), em que o poema-piada e a descontração sintática pareceriam revelar o contrário.
A dominante é a individualidade do autor, poeta da ordem e da consolidação, ainda que sempre, e fecundamente, contraditórias. Torturado pelo passado, assombrado com o futuro, ele se detém num presente dilacerado por este e por aquele, testemunha lúcida de si mesmo e do transcurso dos homens, de um ponto de vista melancólico e cético. Mas, enquanto ironiza os costumes e a sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto, entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação estética desse modo de ser e estar.Vem daí o rigor, que beira a obsessão.
O poeta trabalha sobretudo com o tempo, em sua cintilação cotidiana e subjetiva, no que destila do corrosivo. Em Sentimento do mundo (1940), em José (1942) e sobretudo em A rosa do povo (1945), Drummond lançou-se ao encontro da história contemporânea e da experiência coletiva, participando, solidarizando-se social e politicamente, descobrindo na luta a explicitação de sua mais íntima apreensão para com a vida como um todo. A surpreendente sucessão de obras-primas, nesses livros, indica a plena maturidade do poeta, mantida sempre.Várias obras do poeta foram traduzidas para o espanhol, inglês, francês, italiano, alemão, sueco, tcheco e outras línguas.
Drummond foi seguramente, por muitas décadas, o poeta mais influente da literatura brasileira em seu tempo, tendo também publicado diversos livros em prosa.Em mão contrária traduziu os seguintes autores estrangeiros: Balzac (Les Paysans, 1845; Os camponeses), Choderlos de Laclos (Les Liaisons dangereuses, 1782; As relações perigosas), Marcel Proust (La Fugitive, 1925; A fugitiva), García Lorca (Doña Rosita, la soltera o el lenguaje de las flores, 1935; Dona Rosita, a solteira), François Mauriac (Thérèse Desqueyroux, 1927; Uma gota de veneno) e Molière (Les Fourberies de Scapin, 1677; Artimanhas de Scapino).Alvo de admiração irrestrita, tanto pela obra quanto pelo seu comportamento como escritor, Carlos Drummond de Andrade morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade. (biografia extraída do site http://www.releituras.com/)


FICHA TÉCNICA

Poemas de Carlos Drummond de Andrade

Roteiro e Direção – Carlos Pimentel

Elenco: Carmen Fontes, Clara Maria, Cláudio Milhomem, Cristiano Victor, Diana Cardinot, Edith Léa, Geisa Lima , Guilherme Machado, Ivone Marques, Jacyra Canella, Jane Barros, Marilia Pereira, Roberta Heggendorn, Tatiana Maduro e Thereza Thomé

Fotos: Regina Lo Bianco

Produção: Laboratório Cênico

Duração do espetáculo: 50 minutos

COMENTÁRIOS DE ESPECTADORES:

“Assisti, completamente enternecida, a uma belíssima apresentação teatral; os atores se superaram e parecíamos poeticamente ter à nossa frente o próprio Drummond no palco, em sua Itabira, na casa de sua infância, com seus familiares, sonhos e emoções. Lembrei muito de meus pais, de meus avós, enfim, achei a dramatização linda, séria, terna e emocionante. Obrigada pelo trabalho de vocês e parabéns!”
ISABEL ACAUAN DAL MOLIN (Psicóloga e Gerontóloga – UFF – Niterói)

“Assisti a peça Infinitos Minutos e fiquei emocionada com a sutileza da interpretação das poesias de Drummond e da movimentação dos atores em cena que me comoveram imensamente, fazendo-me voltar ao passado. Parabéns ao diretor e atores que souberam transmitir tanta emoção.”
DIRCE RODRIGUES DE MORAES, 66 ANOS, FUNCIONÁRIA PÚBLICA

“Fiquei encantada com a peça. Fiquei muito emocionada.”DILMA CIVIDANIS KREBS, PROFESSORA

“A peça foi muito interessante, mostrou originalidade, um grande desempenho dos atores e nos envolveu por completo em falas, gestos, cenário... Do começo ao fim. Parabenizo a todos.”

VALDINEIA J. BLAUT, 45 ANOS, DONA DE CASA

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